terça-feira, 20 de setembro de 2011

COM QUE ROUPA EU VOU PRA JAULA QUE VOCÊ ME CONVIDOU.

Sempre digo que o ser humano tem o dom da sobrevivência. Quando nascemos experimentamos pela primeira vez este dom, mas vamos lá. Respira, chora, dá o pezinho, olha o flash, limpa, desengasga e por aí vai. Ufa! Estou vivo. E assim... Nesta estrada de muitas provas para se manter vivo, em nome da sobrevivência vamos nos adaptando, vestindo as fantasias, as personas: o brigão, a chorona, o inteligente do papai, a organizada da mamãe, a vítima, o fortão, o abandonado, a rejeitada, o engraçadinho, tímido, o nota dez e o nota zero, o serve pra tudo, o serve pra nada e muitos outros. Em algum momento esta roupa serviu, deu resultado, trouxe vantagem para a tal auto-sobrevivência, mas isto que serviria como estratégia para um dia de batalha vai cristalizando, se fortalecendo e, a chave que nos fechou na grade para nos proteger é a mesma que procuramos uma vida inteira para dela nos libertar. O que estou querendo dizer, é que aquilo que criamos como dinâmica para nos proteger é justamente o que nos impede de ser feliz e passamos muito tempo buscando encontrar o caminho de volta para o que realmente somos. O fortão não chora e também não recebe colo e só encontra pessoas que em sua carência permanente, fazem dele cada dia mais forte para segurar tudo ao redor, assim o confirmando mais forte e menos digno de receber o que precisa. O abandonado vibra no abandono e se percebe em relações complicadas, descartáveis, conflituosas, se confirmando em abandono, o rejeitado faz de tudo, lava, passa, corta, costura, ajuda e ninguém o reconhece. O nota dez não falha, está sempre alerta, pronto para qualquer prova, se estica para estar aqui, ali, lá. Se arrasta, não dorme, não come, não descansa. E poderíamos ficar aqui falando infinitamente sobre nossos vários personagens de sobrevivência. Afinal o que queremos? Algo muito simples, ser amado, aceito, reconhecido. O que se faz necessário é entender nossa dinâmica, como vibramos, como agimos,  para quem agimos e em qual a jaula nos protegemos. Assim ao entregarmos em nossas mãos a chave de nossa existência e o  retorno ao nosso poder, nos despimos das vestimentas que nos aprisionam, assim  estando livre para ver nossa criança rodopiar pelos campos de todas as possibilidades.  Encontre sua chave e saúde

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O QUE CARREGAS NA SACOLA ?



Lembro uma época em que fiz terapia em grupo e a vivência era tirar tudo que tínhamos na bolsa. Inicialmente a idéia era separar os objetos da seguinte maneira: Os mais importantes, os sem nenhuma importância e aqueles que talvez pudessem ter alguma utilidade em algum momento. Os sem importância eram colocados no centro da sala para que jogássemos fora, não preciso dizer que uma montanha se fez em nossa frente, era papel de bala, notinhas com somas, elásticos, cordões, folhetos recebidos na rua e por aí vai. Naqueles que julgávamos mais ou menos necessários, fotos de amigos da época do primário que nem lembrávamos mais quem era, número de telefones anotados em que o nome não conheciam, comprovantes de votação das eleições de trezentos mil anos atrás. Não preciso dizer que mais um monte de cacarecos emergiu em nossa frente. Ao perguntar se precisávamos de todos aqueles objetos, respondemos que não. Bom, vamos ao que interessa. E o que precisávamos? Chegamos à conclusão que a maioria não tinha a menor importância. Lembrei deste momento porque gostaria que cada um pudesse refletir do quanto guarda em sua vida coisas extremamente desnecessárias, fotos sem nenhuma importância, papéis embolorados, laços em caixas empoeiradas, prego com ferrugem, vidros rachados, sapatos velhos, roupas que não servem mais e o pior... O que guardamos cá dentro.  Veja se aí tem alguma coisa, lembranças e mais lembranças do passado não vivido, fatos doloridos, amores não resolvidos, mágoas transbordando feito rio, amigos que conosco falharam e nunca perdoamos, um pai ausente, uma mãe autoritária, um mundo de dores e ressentimentos que arrastamos na sacola todos os dias e não nos damos conta. E assim com o tempo aparece uma dor aqui, um nódulo ali, um cisto lá, as depressões e seus pensamentos recorrentes, o pânico, que tira o chão, a ansiedade, a alergia, a cistite, todas as ites e muito mais. Aquela dor se torna crônica, na mente, no corpo, na alma. Então te proponho um exercício. Vamos lá? Olhe ao redor e jogue tudo de material que não te serve mais ou dê para quem precisa. Os objetos que achas que um dia irás usar, olhe bem para eles e veja se isto é verdadeiro, caso contrário dê a eles outro destino. Agora fique em silêncio, inspire profundamente, mais uma vez inspire suavemente e recorde de todas as dores e ressentimentos que estão contigo, eles que vem e vão e quando pensamos que foi embora lá vem de novo. Sinta como fica teu corpo, tua respiração, teus batimentos cardíacos, tuas emoções, sentiu? A segunda parte consiste em lembrar algo que tenha acontecido em tua vida que te trouxe muita alegria, paz, prazer e novamente perceba teu corpo, respiração, batimentos, emoções. Sentiu? Bom se sentir leve, solto, em harmonia, em paz interior. Agora escolha o que preferes guardar e carregar contigo, uma montanha de cacarecos embolorados no meio da sala, te corroendo te ferindo todos os dias, pesando em tua sacola corporal, mental e espiritual ou um presente mais prazeroso e feliz que conduz a um futuro de harmonia e equilíbrio?
Seja feliz e saúde.